Quando se trata do curso de medicina, é normal surgirem dúvidas em relação às questões jurídicas da residência médica.

Existem dúvidas como responsabilização em caso de erro médico, direitos trabalhistas, valor da bolsa, auxílio-moradia e outras questões.

Além disso, para exercer a medicina, você também precisa estar atento aos direitos e deveres próprios da profissão para não ser pego de surpresa.

Então, vou comentar agora o que é a residência médica e como ela funciona, assim como seus aspectos legais.

Entenda o que é a residência médica

A residência médica é uma modalidade de pós-graduação destinada aos médicos. Trata-se de um treinamento em serviço, sob supervisão de médicos de elevada qualificação ética e profissional.

O curso de medicina, além de ser o mais concorrido do país, também é o mais longo, pois dura no mínimo 6 anos. Em geral, ele é dividido em três períodos: teórico, clínico e internato, cada um com duração de 2 anos.

Após essas etapas, a graduação é concluída e você já pode se inscrever no Conselho Regional de Medicina (CRM) para exercer a profissão.

Contudo, para receber o título de especialista, é necessário cumprir o programa de residência médica.

Qual a diferença entre residência e internato?

A primeira diferença é o internato ser realizado por estudantes de medicina, como um estágio obrigatório, enquanto a residência é realizada por médicos em busca de especialização.

Além disso, o internato é uma espécie de treinamento para o estudante com uma carga horária mínima de 35% do total do curso. Já a residência deve ter o mínimo de 10% e máximo de 20% de atividades teórico-práticas.

Por fim, é importante saber que a responsabilidade do estudante de medicina não é a mesma do médico residente. 

Isso porque se um estudante no internato atender um paciente sem a supervisão de um médico habilitado, está cometendo crime de exercício ilegal da profissão.

Qual a duração da residência médica?

Para se especializar em alguma área da medicina, é preciso estar preparado para estudar por, no mínimo, mais dois anos após a conclusão da graduação. 

No entanto, a duração da residência médica vai depender da especialidade escolhida.

Quais são os direitos do médico residente?

Primeiro, é importante ressaltar que o médico não possui vínculo trabalhista com a instituição de saúde que estiver no programa de residência. Dessa maneira, não há que se falar em aplicação das leis trabalhistas.

Porém, a lei assegura alguns direitos ao médico, conforme previsto na Lei de Residência de 1981.

Desse modo, são direitos do médico residente:

Por fim, deve ter condições adequadas de repouso e higiene pessoal durante os plantões.

Qual é a responsabilidade do médico residente?

Muitas dúvidas surgem em relação à responsabilidade do médico residente. No entanto, não existe diferença entre a responsabilidade do médico especialista e do residente.

Isso significa que o médico residente é responsável pelos atos que praticar, assim como os demais médicos.

Portanto, no caso de dano ao paciente, por negligência, imprudência ou imperícia, ou dolo, o residente deve assumir diretamente a responsabilidade pelos atos que deram causa.

Contudo, o médico preceptor não está isento da responsabilidade pelos atos do residente sob sua orientação. Se o preceptor orienta a conduta do residente e a realiza em concordância com ele, os dois serão responsáveis.

Mas, se o médico residente atuar sozinho, sem orientação de seu preceptor, os dois serão responsabilizados. Porém, o preceptor será responsabilizado por sua omissão ou negligência, e o residente pelos atos praticados.

Fique atento! Sua responsabilidade como residente é igual a de qualquer outro médico.

O que acontece se eu for convocado para o serviço militar?

O serviço militar é muito importante para os profissionais da saúde. Por isso, de forma obrigatória, o médico deve apresentar-se às forças armadas no último ano do curso. Se convocados, deverão prestar serviço militar no ano seguinte à conclusão do curso.

Em tempos de paz, as mulheres não são obrigadas a se apresentarem.

No caso de convocação, o médico será chamado a prestar serviço durante 12 meses, em tempos de paz.

O dever de apresentação para o serviço militar não depende de notificação, edital ou aviso e deve ser feito no último semestre do curso.

Se você se recusar a se apresentar, será considerado refratário e não poderá receber o diploma. Como consequência, não poderá fazer sua inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM).

Dito isso, resta esclarecer que o médico residente convocado no primeiro ano, poderá trancar o programa de residência por um ano. 

No entanto, se estiver cursando duas residências, apenas uma poderá ser trancada. Em relação a outra, será considerado desistente.

O retorno do residente ao programa de especialização deverá ser requerido até dia 30 de julho do ano em que estiver prestando serviço militar. O requerimento feito fora do prazo implicará na perda da vaga.

Conclusão

Apesar de ser pouco conhecida, a Lei de Residência Médica é muito importante para o profissional em processo de especialização, pois garante que seus direitos não sejam violados.

Dessa forma, se você tem conhecimento dos seus direitos, poderá reivindicá-los e evitar que eles sejam lesados.

No entanto, caso você perceba que algum dos seus direitos está sendo violado e o diálogo não está sendo suficiente para solucionar o problema, procure imediatamente um advogado especialista em direito médico para lhe auxiliar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *